Véspera de eleições gerais no Brasil. Domingo 02 de outubro de 2022 o povo brasileiro irá escolher seus representantes no Senado, nas Câmaras Federal e Estadual e ainda Governador e Presidente da República.
Quem está lendo este blog: o período eleitoral é aquele em que mais as pesquisas e análises estatísticas ganham repercussão não é?
Vamos entender alguns conceitos e aprender sobre as pesquisas eleitorais. As informações constantes neste texto estão todas referenciadas nas páginas do site do TSE. Daí é possível ampliar o conhecimento.
Conceitos
A pesquisa eleitoral é a indagação feita ao eleitor, em um determinado momento, sobre a sua opção a respeito dos candidatos que concorrem a uma determinada eleição.
As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos candidatos, para conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, junto à Justiça Eleitoral, até cinco dias antes da divulgação, as informações indicadas no art. 33 da Lei nº 9.504/97. Esta obrigação é exigida a partir de 1º de janeiro do ano das eleições (art. 1º, da Res.-TSE nº 22.623, de 8.11.2007).
Esta é a definição oficial e está disponível em:
https://www.tse.jus.br/eleitor/glossario/termos-iniciados-com-a-letra-p
Temos ainda a definição de pesquisa de boca-de-urna:
Pesquisa de boca-de-urna é o trabalho dos pesquisadores, a serviço dos institutos de pesquisa, imediatamente após a saída dos votantes da seção eleitoral, para antecipar o resultado provável das eleições majoritárias e pluralitárias [proporcionais]. O Tribunal Superior Eleitoral determina que os resultados das pesquisas realizadas à boca-de-urna só podem ser divulgados após concluída a votação em todo o país, a fim de evitar sejam por eles influenciados os eleitores desejosos de votar em quem vai ganhar; ou seja, em não perder o voto.
Agora que temos os conceitos da pesquisa vamos entender o que elas precisam informar e como consultar estes dados.
Por que temos pesquisas eleitorais?
Em todas as dimensões de nossa vida precisamos de informações para nortear a tomada de decisão. Desde as situações mais simples até aquelas que ocorrem nas grandes corporações mundiais. De forma geral estas informações tendem a mudar de forma mais lenta ou sendo possível ao menos estimar tendências ao longo do tempo.
Por outro lado, nossas opiniões e nossas preferências são mais voláteis, isto é, podem mudar em função de fatos e circunstâncias, por necessidade ou conveniência.
O período eleitoral é um tempo muito curto em que os candidatos têm de decidir a melhor estratégia para poderem ser eleitos. As pesquisas eleitorais tem este objetivo: entender como reage o eleitor em suas preferências frente ao posicionamento de um ou outro candidato.
Para garantir que estas informações sejam transparentes e coibir fraudes, para serem divulgadas ao público, todas as pesquisas precisam ter a descrição da metodologia do questionário e a assinatura de um estatístico registrado no Conselho Regional de Estatística. Também podemos saber o tamanho da amostra, qual o custo e quem pagou.
Acessar o site de pesquisas eleitorais do TSE é uma ótima oportunidade para entender a dinâmica das pesquisas e sua relevância.
Vamos agora ver um exemplo
Acessando as pesquisas eleitorais
É possível acessar as pesquisas eleitorais em dois links:
1) https://pesqele-divulgacao.tse.jus.br/
2) https://www.tse.jus.br/eleicoes/pesquisa-eleitorais/consulta-as-pesquisas-registradas
Vamos pegar por exemplo uma pesquisa realizada pela QUAEST. O Felipe Nunes, diretor da empresa é professor PhD da Faculdade de Ciência Política da UFMG.
Na aba do menu escolher:
Eleição: Qual é aquela que você deseja saber? No nosso caso são as Eleições Gerais 2022
UF: Pode ser uma unidade específica da Federação como também tem a opção Brasil para as pesquisas de âmbito nacional. Em nosso exemplo iremos escolher Minas Gerais
Número de Identificação: caso se saiba previamente o número de registro da pesquisa e se queira verificar esta em especial. Aqui vamos deixar em branco apenas para ver todas as opções de pesquisas feitas em Minas.
Empresa contratada: Você já sabe a empresa que deseja ver os resultados e quer conferir quais as pesquisas realizadas por este instituto. Também aqui vamos deixar em branco apenas para que o resultado da pesquisa apresente as empresas que realizaram pesquisa.
Município: Para o caso de interesse em uma cidade em particular. Em nosso exemplo, por termos interesse em abrangência estadual, neste caso fica sem selecionar
Período de Registro: possível ver um período específico.
Ao clicar em “Pesquisar“, entre as opções temos a pesquisa MG-09972/2022 da empresa QUAEST PESQUISAS, CONSULTORIA E PROJETOS LTDA. de 25/09/2022. É esta que tanto podemos ver (selecionando a lupa) como abrir o edital de publicação (selecionando o símbolo de documento)
Ao abrir a página teremos todos os dados da empresa, o nome do profissional estatístico que assina a pesquisa, quanto custou e quem financiou.
Logo abaixo dos itens teremos a descrição da metodologia aplicada e o tamanho da amostra com os critérios usados para defini-la.
As diferenças com resultado real
Uma amostra é um recorte da população sob estudo. Existe uma margem de erro na qual tem a possibilidade desta amostra não representar a população. Por isto a diferença.
Temos também que nem todas as pessoas expressam a verdade em pesquisas políticas seja por medo ou por vergonha. isto é, algumas pessoas podem ter receio de serem julgadas ou retaliadas caso declarem seu posicionamento. Importa lembrar que opinião política é um tema sensível. Nestas eleições alguns institutos, entre eles o Quaest, estimam um percentual na ordem de 10\% de votos não declarados que podem convergir para um dos candidatos.
O mais interessante é que todas estas pesquisas podem ser confrontadas com o resultado real. Isto é bastante oportuno para entender acertos e equívocos na escolha amostral e como está a diferença com sua capacidade em estimar o que realmente acontecerá.
Agora é exercer a cidadania, acompanhar a apuração e saber se as pesquisas refletem ou não o comportamento do eleitor.
